"O Turista" tem Boa química

Só a parceria de Angelina Jolie e Johnny Depp já valerá o ingresso

Angelina Jolie é a mais forte candidata ao título de mulher mais bela do cinema atual. Johnny Depp, com certeza, é o ator mais cool a frequentar nossas telas. Não fosse por mais nada, só a parceria desses dois mitos já valeria o preço do ingresso que alguém paga para ver O turista. O filme, dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck, que realizou o premiadíssimo A vida dos outros, conta a história de um homem comum cuja vida se transforma quando conhece uma mulher fascinante – e por causa dela se envolve numa perigosa trama.

É mais uma película dos dois intérpretes que do diretor. Reconhecer esse fato pode ajudar o espectador a entender seus altos e baixos. O turista tem momentos fascinantes – a cena em que os heróis dançam num baile, o jogo de segundos sentidos ao longo de todo o diálogo no trem que os conduz a Veneza, a relação entre eles nas cenas de perseguição. Todos podem ser atribuídos, em grande parte, à química entre os dois intérpretes.

Em compensação, O turista fracassa em alguns de seus objetivos como filme para o grande público. O longa pretendia ser uma comédia de suspense, à maneira de boa parte das criações de Alfred Hitchcock. Não é à toa que foi inscrito para o Globo de Ouro na categoria “comédia ou musical”. Estará fora dela no que se refere à maioria das definições que as pessoas comuns dão para “comédia”. Mesmo se incluído em algumas definições mais técnicas, também não se realizará plenamente dentro delas. O espectador não vai encontrar uma obra para rir, embora haja muitos momentos propícios ao sorriso – novamente devido aos intérpretes, ambos tão competentes na comédia, no drama, no filme de ação.

Também em relação ao suspense, O turista é obra irregular. Alterna momentos de ritmo intenso com passagens ralentadas, que bons montadores como Patricia Rommel (A vida dos outros) e Joe Hutshing (JFK – A pergunta que não quer calar) tirariam de letra, bastando para isso a orientação de um diretor mais perspicaz no que se refere a suspense e ação. Como a comédia nem sempre se resolve, frequentemente o que o humor converteria em suspense acaba expondo a inverossimilhança típica das produções menores do gênero. No processo, possivelmente não serão poucos os espectadores que matarão a charada final antes da hora.

Por fim, vale notar que O turista, bem de acordo com o título, é daqueles filmes, vamos dizer assim, “turísticos”. A maior parte de sua ação ocorre em Veneza, na Itália. As imagens são de dar água na boca, e funcionam bem como convite a visitar a cidade. Não fogem muito do cartão-postal. Mas conseguem dar dinâmica a ele ao inserir-se na própria lógica da trama em vez de, como ocorre na maior parte dos análogos, interromper a ação para mostrar paisagens e monumentos.

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